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Revista Sogesp
– Janeiro/Fevereiro de 2014
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MULTIDISCIPLINAR
A
prevalência de demência aumenta exponencial-
mente com a idade. Porém, alguns estudos obser-
vam que, após os 90 anos, tende a diminuir. Saiba o
que pensa Sonia Maria Dozzi Brucki, coordenado-
ra do Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do
Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia, sobre
os principais aspectos da doença, benefícios do controle de
fatores de risco e outras medidas preventivas.
Há fundamento no conceito, bastante difundido entre
a população, de que quanto mais ativo o cérebro, me-
nores serão as características de envelhecimento?
Sim, a atividade cognitiva é sempre benéfica e jamais so-
brecarregará o cérebro. Ela mantém a neurogênese no hipo-
campo e é responsável pela manutenção e aumento de sinap-
ses nas regiões corticais.
Há medidas preventivas eficazes e como devem ser
adotadas?
Sabe-se que o exercício físico e a atividade cognitiva são
benéficos ao cérebro e à cognição em qualquer idade. Mesmo
indivíduos idosos, que começam mais tardiamente estas ati-
vidades, apresentam benefícios. A dieta do tipo mediterrânea
O Alzh
Neurologista orienta
abordagem à paciente com
queixas de memória e revela
os tratamentos e medidas
preventivas mais eficazes
para prevenir o problema
(rica em cereais, azeite, peixes, legumes, verduras e frutas) pa-
rece ter ação protetora também, bem como o consumo leve
de bebidas alcoólicas, principalmente vinho tinto. Outro pon-
to importante é o controle de fatores de risco para doenças
vasculares, como diabetes, hipertensão arterial, obesidade e
tabagismo, principalmente.
Quais os principais diagnósticos diferenciais?
O comprometimento cognitivo deve ser investigado com
exames de imagem (tomografia ou ressonância magnética) e la-
boratoriais (hemograma, função hepática e renal, cálcio, função
tireoidiana, dosagem de vitamina B12 e de ácido fólico e soro-
logia para sífilis) para afastar causas potencialmente tratáveis
e reversíveis. Dependendo das funções cognitivas e/ou compor-
tamentais acometidas, o diagnóstico diferencial pode ser com
Doença de Alzheimer, demência com corpos de Lewy, demência
vascular, demência frontotemporal, entre outras.
Existem critérios objetivos que podem ser transmiti-
dos à família para que possa auxiliar na suspeita de
que há algum problema?
Alguns achados podem servir de alerta. O principal deles é
a comparação do indivíduo com ele mesmo, ou seja, observar
Sonia Maria Brucki
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